quarta-feira, 4 de novembro de 2009

FONTE UNIVERSO SERTANEJO

Especial: Entrevista com Leonardo

latinopessoas
Ele lançou seu novo DVD há duas semanas. É um dos artistas mais populares do país, mais queridos no meio musical e um dos melhores contadores de história da música sertaneja.
Como anunciado anteriormente, o Universo Sertanejo traz hoje uma entrevista especial com o cantor Leonardo.
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Universo Sertanejo: Você tem o disco mais vendido da história da música sertaneja (mais de três milhões com o álbum de 1990). Já parou para pensar que esse número jamais será superado?
Leonardo: Não tinha pensando nisso, não. Claro que este número é importante e me deixa muito feliz porque é uma conquista do Leandro e Leonardo, mas da música sertaneja também. Mas fico pensando o quanto seria bom se a nova geração pudesse ter a mesma oportunidade de vendas nós tivemos. Até 10 anos atrás a gente lançava um disco e tinha certeza que venderia no mínimo um milhão de cópias. Aliás, o disco já saía com 600, 700 mil cópias colocadas. Hoje este número é impensável. Os artistas novos foram prejudicados também porque as gravadoras perderam a capacidade de investimento. Os artistas que vendiam muito bancavam os que estavam começando. Hoje é muito mais difícil para todos nós.
US: Em uma entrevista com o Cesar Augusto (produtor de Leandro e Leonardo e de Leonardo solo), ele me disse que tem uma lembrança muito nítida de ver jovens, em caminhonetes caras, ouvindo Leandro e Leonardo com o vidro aberto, para mostrar que ouviam sertanejo. Você viveu essa transformação, mas era claro para você que havia um público novo interessado em vocês?
L: Rapaz, lembro sim. No começo da nossa carreira, eu mais o Leandro não tocávamos em lugar chique de jeito nenhum (risos). O povo rejeitava “nóis”, chamavam de caipira, de brega, de tudo quanto é coisa (risos).
Depois de um tempo as coisas começaram a mudar e as casas como Olympia, em São Paulo, e o Metropolitan, no Rio de Janeiro, abriram as portas para nós. Foi aí que descobrimos que muita gente ouvia música sertaneja, mas tinha vergonha de falar. O preconceito era muito grande. Acho que começou essa mudança pelo povo mais jovem mesmo, que achava a nossa música animada e divertida, boa para embalar uma farra com os amigos ou xavecar as meninas.
US: Na época em que você começou a fazer sucesso, a pirataria era só de fitas K-7, não conseguia atrapalhar muito mercado fonográfico. O que essa pirataria causa diretamente no seu trabalho?
L: A pirataria atrapalha a vida de todo mundo e claro que mexeu com a carreira da gente também. Já falamos que os números de hoje nem chegam perto dos números passados, mas não podemos esquecer que a pirataria cresceu também porque o preço do CD e do DVD é muito alto. Não dá para concorrer com os piratas. Mas temos uma notícia boa, já está quase aprovado um projeto que acaba com o imposto sobre os CDs e DVDs. Se passar pelo Congresso e o governo apoiar, isto vai ajudar muito porque vai reduzir o preço para os fãs. Vai custar menos 35%, faz muita diferença.
US: Guardadas as devidas proporções, o que se vê hoje na música sertaneja, pode ser comparado com o que vocês fizeram há 20 anos, no que diz respeito a incorporar novos elementos a um estilo já existente?
L: Com certeza. A música sertaneja se renova de tempos em tempos e isto é muito bom porque o povo está sempre ouvindo, não cansa. Eu costumo dizer que o que esta turma está fazendo agora foi o que nós fizemos em 1986, 1987. Naquela época a música sertaneja falava muito das coisas do campo, da mata e os arranjos eram bem tradicionais. Nós chegamos quebrando tudo (risos).
As letras falavam mais de amor e até de cama, por que não? Amor e cama têm tudo a ver, não? (risos). E também modernizamos os arranjos, é isso que os novos sertanejos estão fazendo, modernizando o estilo. Fico impressionado com a quantidade de duplas que a gente vê hoje. Tem muita coisa boa, mas tem muita tranqueira também. Acho que o tempo vai acabar peneirando e vai sobrar o que é bom.
US: O que você acha do Sertanejo Universitário?
L: Acho que foi uma novidade boa porque renovou o nosso segmento. Já pensou que desgraça se a música sertaneja parasse no tempo, se ficasse só com a nossa geração? Seria uma mesmice que ninguém aguentaria. Acho muito bom que novos estilos apareçam, o problema é que muitas duplas acabam confundindo simplicidade com coisa mal feita. Eu não gosto de ouvir uma música mal produzida, mal feita. Mas eu fico feliz demais de ver a nossa música sertaneja muito bem representada na voz dessas novas duplas.
US: Você gosta de alguma dupla atual?
L: Eu sou muito fã de Victor e Leo, eles têm um estilo próprio que marcou demais, muita personalidade artística. Gosto muito também do João Bosco e Vinicius, Jorge e Matheus, Zé Henrique e Gabriel, João Neto e Frederico, são todos feras, e outros que estou começando a ouvir. Também tem uma promessa feminina que acredito muito, a Paula Fernandes, que está no nosso escritório. Tem uma voz linda, canta demais, tem tudo para estourar, mas não sei dizer como será o futuro, porque o sucesso hoje é muito passageiro. Parece que o povo enjoa logo e já quer novidade. Eu sou do tempo em que os fãs acompanham a carreira do artista entra ano, sai ano. Agora é um negócio de doido, parece música descartável. Talvez por isso, pelo excesso de produtos, muitos talentos acabam se perdendo e não conseguem durar o tanto que merecem, mas eu apostaria nesses que falei.
US: A grande maioria das duplas novas baseia seus trabalhos em regravações, principalmente de músicas dos anos 1990. Isso não é um indício que depois de vocês, ficou um espaço em aberto que ninguém conseguiu preencher? Suas regravações mais antigas nesse seu novo DVD devem-se ao fato de você ter percebido esse interesse por parte do público?
L: Esta pergunta é muito interessante. Acho que isto significa que as duplas daquela época, Leandro e Leonardo, Zezé e Luciano, Chitão e Xororó e outros mais, têm um repertório muito bom, e para o público jovem estas músicas são inéditas. Imagina só a briga que é hoje para encontrar uma música boa, com tantos artistas novos? É mais fácil pegar uma música já testada, dar uma cara nova e trabalhar. Isso, para nós, é um grande elogio e eu fico feliz que o povo regrava as minhas músicas.
Eu iria regravar alguns sucessos antigos de Leandro e Leonardo de todo jeito, porque a nossa primeira idéia era fazer uma homenagem ao Leandro que teria o nome de “10 Anos de Saudade”. Depois eu desisti porque achei que as pessoas iriam achar que era um oportunismo meu. Mas fiquei com vontade de regravar algumas músicas, então nós fizemos uma pesquisa através do meu site e pedimos que os fãs indicassem quais músicas eles queriam que eu cantasse nesse novo projeto. Foram uma surpresa para mim as músicas que foram escolhidas. O povo lembrou de músicas que nós nem trabalhamos, é sinal que é fã mesmo e conhece o nosso trabalho. E claro que quando você regrava, tem que atualizar os arranjos. Eu dei uma modernizada, mas mantive as características dos arranjos originais de Leandro e Leonardo, como os metais, que ninguém mais usa e eu não dispenso.
US: Você tem um projeto artístico além da música?
L: Olha, eu não tenho não. O povo que trabalha comigo vive inventando umas coisas diferentes para eu fazer, mas acho que cada macaco no seu galho. Eu sei cantar, não sou ator. Mas no futuro, quem sabe? O Daniel, por exemplo, está mandando muito bem como peão violeiro da novela “Paraíso”. Mas acho que eu não daria conta, não. Só se fosse um filme sobre Leandro e Leonardo, desde que eu não tenha que ser o ator.
US: -Você é um dos poucos artistas que ainda possui fã-clubes bastante numerosos e muito ativos, que vivem trocando informações, discutindo sua carreira e até sua vida pessoal. Qual sua relação com suas fãs e o que você pode deixar de recado para elas?
L: O que vou dizer para essas fãs maravilhosas? Depois de tantos anos de carreira, são 25 já, ter pessoas que ainda se interessam por você e pelo seu trabalho é uma alegria muito grande. Só tenho que agradecer por tanto carinho e dedicação e espero poder retribuir pelo menos um pouco de tudo que recebo delas. Meu povo, eu amo vocês e se depender de mim, vou ficar velhinho cantando para vocês. Isso se vocês me agüentarem até lá, claro.Fiquem com Deus. Um super beijo do Leo para vocês.
André Piunti - Universo Sertanejo

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